A única certeza na vida é a morte. E mesmo assim, não nos acostumamos com ela. Eu acho que é por egoísmo, de que quando ela vem, leva a essência das pessoas, nos deixando sós com as recordações cobertas de poeira e lágrimas. Sem poder ganhar nada novo. Ou talvez seja uma tendência rebelde humana, de ignorar a morte (que mora perto), até ela parar pra tomar um chá com a gente. E mesmo assim, esperneamos, gritamos e rezamos como se fosse adiantar. O medo da própria morte está sempre aqui embutido, ou em alguns casos, o anseio. Se fossemos criados pra aceitar a morte, tratá-la com naturalidade, evitaria tanto drama. Mas talvez esse drama seja necessário, como espinhos pelo caminho, cortando, cicatrizando. A morte é uma coisa estranha, uma hora está outra não está. Pensar nela só me impulsiona a viver (e não sobreviver), embora às vezes, como que elasticamente, quero desistir.
Quero um silencio inodoro e insípido.
Quero uma risada quente.
Quero ir e voltar.
Quero tudo