sábado, 27 de novembro de 2010

Poeira, Água

Vivendo em um peça 
uma atriz em em tempo integral
isso não pode ser considerado vida
é um espetáculo meticulosamente arquitetado
mas delicado como um castelo de cartas
Tão frágil que bastou um sopro de realidade
para ir tudo por terra abaixo
e só o que sobrou foram corpos nus
por que fantasias não são roupas
e máscaras não são rostos
Corpos nus borrados de poeira falsa
Uma boa ducha de verdade
É suficiente para apagar os restos mortos de toda aquela hipocrisia
Sacrificar para renascer.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ABC contraditório

O que ela via era:
a) A vida é um corredor/labirinto/estrada ou qualquer coisa assim (clichês).
b) E a minha só dá em portas que, bem, ficam melhores fechadas.
c) Existem muros envolta.
d) A única boa alternativa pra escapar é olhar pra cima.
e) Mas unhas violentas me puxam pra baixo.
f) E quanto mais tento subir, mais me machuco.
g) Sobra minha mente.
h) Que é MINHA.
i) Mas não parecem concordar com isso.
j) Parecem também ler minha mente, e de forma torta é claro.
k) Então não vou mais pensar.
l) ...
m) Ameaças de sorrisos brotando.
n) Sorrio.
o) Rio do que pensava antes.
p) Que melodrama mais idiota.
q) Onde estão os muros?
r) Aquelas unhas horríveis devem ter virado pó.
s) Ou purpurina.
t) Estou tentando ver tudo pelo lado positivo.
u) Olho pra cima.
v) Olho para os lados.
x) Tudo escuro de novo.
z) Mas que diabos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Voz.

Gritar cansa

Ainda mais quando se é ignorada

E aumentar o tom não adianta

Pensamentos mesquinhos e maciços

Esmagam suas orelhas

Ou é o que parece

Sussurros, suspiros e gritos

Lançados a lugar nenhum

Olhos estáticos me encaram

No espelho

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

tédio, tédio & mais tédio

Cansei :

de ficar sentada falando com as paredes

de esquecer meus objetivos, de evitar pensar

de tentar ter uma vida calma

calma? Acho que o codinome dela é monotonia

é, com certeza

Mas o que eu faço agora?

Acho que já perdi o ano, já perdi meu tempo

E continuo repetindo os mesmo erros

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

O que eu queria mesmo era que

Como que miraculosamente caísse de paraquedas minha salvação

E que fosse pré cozida, 3 min. no forno e pronto

Prática e preto no branco

A contradição parece óbvia?

Maldita preguiça que estraga tudo

Preciso mudar

Urgentemente

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Passagismo (?)




Por que você insiste em me fazer chorar?

Falsas promessas e meias palavras

Há muito tempo deixou de ser meu pai

Adora me confundir

Adora me fazer acreditar

Mas agora chega, nem sangue me provará mais nada

Não

Retiro o que disse

Uma lembrança quente e já te amo de volta

E até sinto pena

Por um minuto te entendo

Não

Tem algo errado nessa frase

O que eu fiz pra merecer isso?

Cuspiu na minha cara

Me mandou pro inferno

Me deixou cheia de arranhões e ameaças

Lágrimas lavavam minha alma no chuveiro

Aquele dia parece tão perto

E você tão longe

Quilômetros

Volte a ser quem era

Eu imploro

Jogue fora essa podridão nojenta que está sugando seu coração

Não

Não posso acreditar em milagres

Estou sendo muito negativa?

Minha mente fica vazia

Silêncio

Olha o que você faz comigo

Nunca mais atendo seus telefonemas

Estou tremendo

De ódio

Ou será de frio?

Não tenho nenhum metal pesado pra escutar

Infelizmente

Sou estúpida

Quero gritar

Quero te fazer chorar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Garganta.


Só imagino o que aconteceria se todos falassem tudo o que pensam. Quer dizer, nem consigo visualizar metade da cena. Será que iríamos respirar podridão, e sentir falta da até agora mal falada falsidade? Rir da desgraça alheia seria como o pão de cada dia? Espera, não ia mudar muita coisa. De que adianta bocas carnudas meladas de gloss, se quando abertas, o fedor da ignorância se faz presente? Tão ruim quanto, são as mentes chacoalhantes que não ousam dividir suas vozes. Realmente não sei interligar assuntos, mas tudo bem.
Ah, o silêncio.
Tão longe.
Que nem escuto seu som.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Mudando de assunto


Sonhos.
Que coisa mais esquisita, tanto os dormentes quanto os conscientes. Teoricamente sonhos são bons, bem, pra distrair talvez. Tirar a atenção dos insistentes problemas, sempre cortando ao meio nossos sorrisos. Engraçado como às vezes tenho a impressão de que ninguém, além de mim, tem problemas, egoísta não? Ao meu redor, só vejo abraços gelados, beijos melados e dinheiro voando. Como se os representantes da miséria estivessem de férias. Às vezes simplesmente ignoro o que parece distante. Sinto pena de mim, e eu mesma me consolo. Mais patético que isso? Somente as pontinhas de inveja que, às vezes, sinto de certas vidas plásticas. Defeitos, defeitos, defeitos. Sou cheia deles, os aqueço, os acolho. Não que não tente sempre melhorar, 'evoluir'. Mas a perfeição não existe, eles dizem. Eu acredito, e por isso me conformo. Não com tudo, mas com parte. Um pouco desajeitada, levemente exagerada... sem essas coisas, sobra o que? Plástico, plástico e plástico.